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Borough of Manhattan Community College - Como eu virei zumbi? Foi assim, ó: pedrinhas de crack. Isso aí não tem volta. É ilusão. Dá um isqueiro. Me dá um isqueiro, porra! Então, a primeira vez foi um amigo, fazia dois dias que ele tinha saído da casa de detenção, e ele chegou na quadra e falou “oh, aprendi a fazer um negócio interessante”. Aí a gente depois colocou o apelido dele de alquimista. Aí a gente “O que que é, o que que é?” Ele falou “oh, vocês vão ver”. Daí ele pegou uma cocaína, colocou na colher um pouquinho de bicarbonato e um pouquinho de água. E a gente lá vidrado, olhando o cara esquentando a colher com um isqueiro aí ele falou pro outro “segura o papel higiênico”. Segurou e ele pingou. Formou um óleo e ele pingou. E foi instantâneo e já formou um negócio embaixo. A gente “nossa, o que é isso?” aí, ele “é casca”. A gente falou “nossa, mas como que faz isso?” aí, ele “não, é assim, a gente vai furar a lata aqui…” Aí, foi surreal. A primeira vez foi algo surreal. Não esqueço até hoje. É impressionante. O crack é cocaína. Nada mais nada menos que uma outra forma de apresentação da cocaína. Ele é apresentado em forma de cristais. É a única forma de cocaína que pode ser fumada. Se apresenta como uma cocaína mais pura, mais forte, com maior impacto. As pessoas sentem o efeito, em geral, de um a dois minutos, a pessoa já tem um efeito muito intenso. Mas esse efeito em geral também termina entre 10 e 15 minutos. Trabalho aqui há cinco anos. Não nessa loja, na outra lá de cima. Aqui faz um ano e seis meses que estou nessa loja, já. Sempre trabalhei na área de alimentação. Desde quando usuário, sempre trabalhando. Sempre após o trabalho, aí desandava. Saía do serviço já na intenção de passar na favela, pegar uma pedra e fumar. De cada quatro pessoas que consomem crack, apenas um fica dependente. Ou seja, a grande maioria dos usuários de crack não se torna dependente. Diria que é uma situação em que a pessoa está cutucando a onça com vara curta. Ou seja, eu não recomendaria que ninguém fizesse uso recreacional. Mas que tem gente que consegue, tem. Eu sempre consegui ter essa doutrina assim de usar, mas no outro dia ter a responsabilidade de trabalho e trabalhar. Ou seja, uma pessoa que tem acesso a uma boa qualidade de vida, que tem um lugar onde morar, que tem um emprego, que tem uma escolaridade, acesso à informação. Assim, a pessoa, de uma certa forma, está mais protegida. O risco dela vir a se tornar dependente é menor do que uma pessoa que foi privada de tudo na vida. As chances de alguém se tornar dependente numa situação de tanta vulnerabilidade são muito maiores. E as chances de sair de um problema também relacionado ao uso de drogas são muito menores nessa população tão vulnerável. O crack é uma droga viciável? É. A cocaína é uma droga viciável? É. O álcool é uma droga viciável? É. Todo mundo é viciável? Não. Eu acordo de manhã, dou banho nos meus filhos, arrumo meus filhos pra ir pra escola, me arrumo, dou café pra eles, levo meu filho pra escola, volto, vou pro serviço, faço minha varrição, almoço, vou pra casa, de casa tomo banho, arrumo a casa. A minha infância não foi muito boa, não. Eu vivia de abrigo em abrigo, jogada em casa de família, minha mãe me colocava em casa de família. E quando eu fui para o abrigo que eu conheci essas três drogas: o crack, a farinha e a maconha. Quando completei 18 anos eu saí do abrigo. Fui morar em albergue. Então, o meu dia a dia, fora de casa, longe da minha terra, procurando um caminho diferente é basicamente esse. Um lar, um aconchego, um acolhimento mais mais avançado a um nível da sociedade. Eu posso cumprir as minhas necessidades e posso suprir as minhas necessidades também. Eu posso tomar banho, eu posso higienizar. Minha cama é essa daqui, ó. Do jeito que eu saí ela ficou. -A de cima? -A de baixo. Mesmo que sejam pessoas de diferentes situações ou de objetivos diferentes, aqui a gente convive na mesma situação. Bom, eu não era traficante. Eu fui presa por tráfico mas quem era traficante era minha parceira. Tem uma denúncia e você está ali no meio com aquela pessoa que foi denunciada, você vai junto como cúmplice. Quando “veio” as folhas, o B.O. na minha mão pra “mim” assinar, estava escrito “tráfico de drogas". Como se eu fosse a traficante. Eu fumava, apesar que quando me pegaram, me pegaram com cinco. Cinco pedras. Então, nós temos que tomar um cuidado muito grande de fazer essa separação no meio daquele que nós chamamos de fluxo, ou seja, reunião de pessoas consumindo crack. Muito difícil, muitas vezes, você dizer “olha, aquele é traficante, aquele é usuario”. Alguns países como Portugal, México, preveem uma quantidade, um critério quantitativo. Então, até dez doses diárias, a pessoa é considerada usuário e mais do que isso ela pode ser considerada traficante. No Brasil esse critério não existe. Abre-se espaço para uma larga margem de subjetividade. Isso é uma construção que se faz, porque um garoto hoje que tem um emprego onde ele recebe um salário mínimo, 740 reais, ele, no final de semana resolve, recebeu o salário na sexta-feira, passar na boca de fumo, na localidade onde mora, pra comprar cinco trouxinhas, ou dez trouxinhas de maconha pra uso próprio no final de semana. Uma operação policial feita naquele momento identifica aquela pessoa na boca de fumo com 700 reais no bolso, que ele já gastou 40, e cinco, dez trouxinhas de maconha no outro bolso. Ele é traficante ou ele é usuário? Eu tenho certeza que ele vai ser autuado como um traficante. E muitas vezes, uma pessoa que está com 200 gramas de maconha dentro do carro, ela consegue evidentemente provando que é uma estudante, que trabalha, que tem aquilo pra botar na sua casa pra uso próprio. Vários já foram autuados como usuário. Então, a construção que se faz num ambiente social que é cruel. Porque usuário é sempre aquele que tem condição de provar que tem recursos para obter a droga. E aquele que não tem como provar que tem recursos para obter a droga, acaba sendo identificado como traficante. Tipo num fluxo, se eu passar com… -Como é seu nome? -Rubens. Com o Rubens, mais de cinco vezes, eu já sou alvo deles. Se eu descer toda hora, vai e volta, vai e volta, vai e volta, vai falar: “Poxa, aquela pessoa toda hora vai pra lá e vem pra cá, vai pra lá e vem pra cá, sempre com movimento”. Então, pra eles ali já é traficante, pra eles ali já é chefão. São jovens, sexo masculino, entre 18 e 29 anos, afrodescendentes, com baixa escolaridade, sem antecedentes criminais, presos com pequenas quantidades de droga, normalmente presos em flagrante, na via pública, desarmados, sozinhos, sem um trabalho prévio de inteligência policial. Esse fenômeno já ocorreu nos Estados Unidos, que foi um mecanismo de exclusão social, que servia, sobretudo, para finalidades de diferenciar uma camada, no caso dos Estados Unidos e também aqui, enfim, de perfil racial definido. Populações, em geral, desempregadas ou vivendo nas condições da precariedade. Hoje a guerra às drogas mata mais do que o consumo das drogas. E é um grande paradoxo, mas que pode ser desconstruído a partir da ideia de que nós não fazemos guerra às substâncias, guerra se faz em relação à pessoas. A guerra às drogas não se baseou em um fundamento objetivo científico das substâncias que fossem mais perigosas, maléficas ou daninhas. Aliás, se fosse esse o critério, o álcool e o tabaco seriam as primeiras a que seriam objeto, enfim, de algum tipo de interdição ou restrição. Porque são efetivamente as mais problemáticas. O proibicionismo na verdade não proíbe nada. Não impede que as pessoas tenham acesso. Simplesmente garante um monopólio de mercado para as organizações criminosas e por ser absolutamente desregulado, por não haver nenhum tipo de fiscalização, por não haver nenhum tipo de parâmetro, e o lucro ser a única meta a ser perseguida por quem domina esse mercado, os mais vulneráveis, que são as crianças e os adolescentes, são os alvos preferenciais. E quem perde com isso, é o pobre do dependente químico, que acaba recebendo, não só ele não recebe o tratamento que deveria receber, como ele ainda acaba sendo vítima de marginalização, mais estigma e assim por diante. Essa produção discursiva que está presente nas campanhas de prevenção, que está presente no jornalismo, que está presente nos famigerados programas policiais até que ponto essa produção discursiva não está produzindo um ambiente de autorização pra produção dessas mortes em série, pra produção da exclusão radical, pra produção da violação de direitos fundamentais. Como eu virei zumbi? Foi assim, ó. Com pedrinhas de crack. Você dizer que determinadas pessoas são zumbis significa que é porque elas estão pra fora da humanidade, elas não são pessoas. Então eu posso colocar água e fazer eles irem embora, posso fazer a polícia chegar lá, posso fazer uma matéria que não vai se importar com a trajetória pessoal. Qualquer usuário de droga, é olhado como objeto, como se fosse um nada, você entendeu? Para as pessoas, usuário de droga, é ladrão, é louco. A sociedade não olha pra mim como um cidadão. A sociedade olha pra mim como um vagabundo. Porque todos os dias o pessoal me vê sem fazer nada, então, pra eles eu sou um vagabundo. Se pra eles eu sou vagabundo, pra mim eu sou vagabundo. Aquilo que na Lei da Reforma Psiquiátrica Brasileira, na ideia da internação involuntária apresentada como dispositivo que a gente usa, só em último caso, é pra pessoas com nome e sobrenome, muito pontuais, a exceção da exceção, só para os casos onde o sujeito apresenta risco de vida para si e para os outros, com acompanhamento de uma equipe de saúde. Ela se transforma numa política generalizada. Ou seja, aquilo que seria a exceção, se torna uma política de exceção, generalizada. A gente diria que, de todos os dependentes químicos, menos de 5% teria a indicação de internação. Internação voluntária. Internação involuntária é menos de 1%. Se a gente parte do pressuposto de que isso é uma coisa que deveria ser feita, a gente vai ter que começar a internar as pessoas que estão comendo compulsivamente, contra a vontade delas, a internação compulsória. Todas essas pessoas que estão lotando os bares e exagerando na quantidade de álcool consumida. Você quer parar de beber álcool? Você quer aprender a beber álcool melhor? E você? E aí? Redução de danos. Por que não posso falar isso "pro" crack? Por que o cara do crack tem que parar? Se você não para de beber. E se sua droga é muito pior? Nos últimos 20 anos tem crescido no mundo inteiro todos esses modelos baseados em estratégias de redução de danos. Eles são muito mais realistas. Na verdade a gente sabe que um dependente químico se tornar totalmente abstinente hoje em dia é quase uma utopia. Eu acho que uma das coisas que tem de diferente entre o trabalho de redução de danos e algumas outras abordagens é a forma que a gente se coloca com o usuário. A gente tenta sempre buscar uma forma bastante horizontal. A gente reconhece o tempo, e reconhece o usuário com a sua cultura e com a sua forma de uso e tenta entender e compreender aquilo e tentar auxiliar da forma que for possível naquele momento. A redução de danos é um começo de consciência que leva ao final de dizer: você se cuida. Você se cuida! Aí eu vim pra São Paulo. Aí eu comecei a morar na rua. Ganhei uma maloca. Maloca é o que? é uma barraca que o pessoal monta pra dormir na rua. E o pessoal, que estava nesse mesmo ambiente que eu, usava. Todos os dias, roubavam, faziam de tudo para ter a droguinha deles. O objetivo não era a droga. O objetivo era viver a vida deles. Mas a droga era o "companheiro" deles. Aí os cara apareciam na minha maloca e falava pra mim “E aí, dá pra gente vir aí e usar?” Eu ainda não usava, mas eu cedia a maloca para os caras. Aí nesse decorrer desse tempo, aí eu comecei a pensar: “Bom, se os caras estão vindo aqui, no meio da minha noite, não deixam eu dormir e os caras querem usar o bagulho aqui, então, vou usar junto com os caras". O que me fez ir ao mundo das drogas foi conflito em família. Eu perdi ali, eu perdi o carinho de mãe, já não tinha mais meu pai. Então pra mim, aquele fato, a minha mãe ter me colocado no abrigo e ter ficado com meus três irmãos, pra mim já foi um motivo pra eu largar a minha adolescência pra trás e me jogar no mundão. Me joguei no mundão sem eira sem beira. Eu falava “poxa, porque ela ficou com os três e eu não? O que eles tem que eu não tenho?” Ela me ajuda na minha solidão. Tipo, mesmo eu estando aqui com vocês agora, conversando, trocando essa ideia, ou mesmo que a gente se encontre alguma vez ou outra na rua ou em algum outro evento, eu jamais vou ser assim tão comunicativo. Se você me ver em algum outro evento, Eu vou estar solitário. O que está acontecendo com uma pessoa que está usando droga compulsivamente? Cada um merece uma análise. Então é a questão da frustração? É a questão da dor? É a questão… Qual é a questão? Se a gente for pensar, o que é uso problemático? O que é uma dependência? Dependência, uma definição que eu gosto bastante, é a pessoa parou de usar aquilo pelas coisas boas que te trazem. Passa a usar, porque se você não usar, você vai ter um problema. Quem sai de casa sem o celular e tem a sua rotina afetada, tem um problema com isso, quando esqueceu o celular em casa de manhã, essa pessoa tem um uso problemático. E eu quero ver hoje quem, se esquece o celular em casa, não tem um problema com isso. A gente está falando de uma sociedade de dependentes. A questão é qual a sua dependência? Os consumidores problemáticos, fazem parte de uma dinâmica que é de toda a sociedade, que é a dinâmica do hiperconsumo. E não ocorre apenas com drogas, como eu mencionei, ocorre com alimentos, ocorre com uma série de práticas que podem ser excessivas e que, portanto, pode trazer, enfim, uma série de malefícios. Essa compulsividade é intrínseca ao próprio sistema mercantil que através da publicidade tem como objetivo maior viciar as pessoas em marcas, viciar as pessoas em consumos supérfluos, viciar as pessoas para que elas, enfim, deem cada vez mais lucro para o próprio sistema mercantil. Por mais que a sociedade do consumo te incentive “compra, compra, compra” você vai comprar, no máximo uma TV por ano, entendeu? As drogas são muito potentes por causa disso, elas são as mercadorias mais interessantes que existem no mundo. Não tem limite. Quantas pedras você vai fumar por dia não tem limite. Se eu quiser comprar uma maconha ou cocaína numa cidade como São Paulo, eu posso ligar para um número, em 15 ou 20 minutos tem um 'motoboy' entregando, fazendo 'delivery' dessas drogas na minha porta. Isso é liberação. A droga está liberada. Já está liberado. A regulação seria colocar regras. Ao contrário do que se imagina que a proibição coloca regras, não. A proibição faz a coisa acontecer conforme a lei do mais forte. Se a sociedade evidentemente quer acabar com o tráfico, nós podemos legalizar as drogas. E a prova de que a violência é produto da proibição e não das drogas, é que não existe pessoas armadas tomando conta de choperia. Regulamentada, essa guerra acaba. Então, é necessário também que se veja a legalização como marco de redução da violência. Não dá pra se falar só que droga faz mal. A droga pode trazer prazer. Agora nisso eu incluo também álcool, café, outras drogas..

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