Buffalo State College - Bem-vindo ao nosso canal YouTchube nesse Falando nIsso de hoje atual contemporâneo com a pergunta de Eduardo Vilar "Christian, você poderia fazer um vídeo sobre saúde mental entre estudantes de pós-graduação? ... nos últimos anos, vi isso ser um tema bastante sensível entre amigos que ingressaram na Pós esse ano entrei no mestrado e me juntei a um grupo de aflitos - Minha solidariedade para você, Eduardo! - um grande abraço e obrigado os vídeos sempre muito cuidadosos e generosos. Muito bacana ver o "Ó", do Nuno Ramos na sua biblioteca adoro esse livro A espessa camada de poeira que recobre as coisas e que nos impede de tocar É o livro que estudo no meu mestrado - você deve fazer um mestrado em letras, portanto - ô, Eduardo: pergunta totalmente atual, esse é um problema de dimensões, assim... globais. As pessoas estão sofrendo muito nas pós-graduações esse sofrimento tem gerado por exemplo aumento de taxas de suicídio, de abandono do trabalho, de assim uma inquietude, uma... e um mal-estar mesmo com o processo de produção de saber e com, assim, uma decepção que as pessoas têm quando entram os seus mestrados e doutorados, nos seus pós-doutorados... Que é uma fase... assim, diferente da vida porque você não está mais exatamente como um aluno - às vezes você intervém problemas reais, você já faz um trabalho aqui e outro ali você participa né, da resolução de de questões que tenham um impacto no mundo assim do trabalho, né Na "vida real", vamos chamar assim, e por outro lado você é, assim, menorizado Você está num lugar, assim, na cadeia alimentar da hierarquia de saber. Algumas hipóteses sobre por que isso está acontecendo Em primeiro lugar, porque o sistema de produção de saber, ele mais recentemente passou por uma grande profissionalização Então, há uma pressão e um controle, eu diria excessivo, sobre a produtividade dos departamentos, das universidades, das linhas de pesquisa e dos professores Então, se você não publica tantos papers, você perde a sua possibilidade de orientar Se você não publica tantos Livros, o seu programa é prejudicado - ou seja se criou um sistema baseado numa competição, uma concorrência e muito objetivada, e muito posta em métricas: "Quanto os congressos você foi? Em que lugar você publicou? Qual fator de impacto dessa revista? Quantas pessoas te citaram? Qual é a tua métrica no Google Scholar? Você tem um controle muito grande e isso talvez não esteja fazendo muito bem para as relações entre orientador ou instituição e os seus alunos. Porque ele transfere essa vamos dizer assim, esse nível hard de desempenho para a relação com alguém que muitas vezes escolhe essa carreira porque tem uma relação, assim, de desejo com o saber. Tem uma relação que percebe no mundo do saber, assim, a exploração da liberdade, a invenção, a criatividade, a possibilidade de falar alguma coisa que faz alguma diferença no mundo de interferir num debate, de mudar o caminho de um de um determinado procedimento Então essa expectativa que a gente tem de autoria ela freqüentemente é amassada por processos de disciplinarização impostos na produtividade e isso tem um efeito deletério muito ruim, por exemplo na experiência daquele que , por exemplo, lia Freud "Puxa, adorava ler Freud, ler Freud mexia comigo... me levava para outros lugares... " Mas aí você entra na pós-graduação e aquilo que era um tesão, aquilo que era um barato vira uma obrigação "Já leu quantos textos hoje? Já cobriu quantas páginas? Já escreveu sobre isso? Onde está a tua resposta a isso?" Isso é uma coisa, assim, muito anti natural, isso é uma coisa que afeta muitas pessoas na sua equação de gozo - prazer - satisfação Isso freqüentemente acaba com o desejo do jovem, promissor muitas vezes brilhante e nos leva a uma outra consideração - porque é do lado do aluno o excesso de expectativas uma idealização de que agora sim "eu entrei numa pós-graduação!" Isso representa, assim, um incremento na sua vida profissional você poderá ganhar mais, os salários são maiores para quem tem mestrado e doutorado... Só que na prática isso muitas vezes não é verdade. Então as vagas para professores são fechadas, diminuem-se o número de bolsas, corta-se o valor quantitativo das bolsas - como está agora em curso pelo nosso CNPq e CAPES A vida do pesquisador ela é uma vida... Vamos dizer assim, uma espécie de "entre margens". Ela é uma vida que para a própria pessoa muitas vezes ela não se justifica profissionalmente. Quer dizer: "olha você ganha uma bolsa, você não é como os seus colegas que têm uma vida real, um trabalho real e que está indo em frente. Então isso cria uma espécie de choque narcísico: Altas expectativas com uma experiência real muito... às vezes pobre, às vezes distante do orientador Eu tento evitar de todas as formas que isso aconteça com os meus orientandos Ou seja, é ter uma relação pessoal de acompanhamento direto de ler o texto, de formar um grupo de trabalho que se apoia um ao outro... Mas eu vejo que eu sou um pouco, assim, uma exceção nesse universo onde o jovem pesquisador ele é tomado como mão de obra barata frequentemente, ele é explorado para ter o seu trabalho nomeado pelo orientador, então ele se sente expropriado ele sente que a sua idéia foi roubada dele, que ele produz para o outro né... Isso também cria um isolamento da pessoa na sua longa e difícil tarefa que é o desafio cognitivo. Então aqui eu trago um terceiro elemento de como a pós graduação ela tem uma estrutura medieval, ela tem uma estrutura de "o vassalo-discípulo" como "o suserano-mestre" e o poder que o orientador tem sobre a vida do seu orientando - a vida cognitiva - é muito grande! Ele pode dizer: "Olha, não vai pesquisar isso, pesquisa aquilo" Ele pode desligar qualquer momento aquele aluno É um tipo de situação que não é o mesmo que a gente tem na graduação. Então isso dá margem a exercícios de poder, assédios... Enfim, uma série de coisas muito ruins que podem vir então com a pós graduação que seria um sonho para aquela pessoa. Mas voltando à dimensão cognitiva. Você está diante de um desafio que ele vai falar muito profundamente de você. Porque você vai escrever um texto, vai escrever algo que é como um livro O mestrado e depois o doutorado. E isso depende, vamos dizer assim, de você! De você ler, de você pensar, de você criar Isso gera muitas vezes uma alta exigência super egóica que acaba com a pessoa. Porque cada linha que ela escreve, ela diz assim: "isso não é original". Apaga e começa de novo Cada pequeno artigo, um esboço que ela teria, ela diz: "não, mas isso não é grandioso, não está à altura do desejo e das minhas próprias possibilidades" Ou seja, a pesquisa, o mestrado, o doutorado Ela se assemelha muito ao que o Paul Valery chama de "profissão delirante" "Profissão delirante" é aquela em que tudo depende do que os outros acham. E é verdade! Como é que funcionam as publicações em revistas indexadas? Peer review. Você tem que se submeter à opinião de outros, o que é que eles acham. Claro que essa é uma opinião às vezes mais bem formada ou menos bem formada, mas que tá nesse registro do "o que que o outro vai dizer". Isso amassa a pessoa, principalmente nesse caso, porque é uma produção cognitiva que ela freqüentemente vê como realmente sua. Isso é muito raro na nossa cultura, é muito raro no nosso sistema de produção Em que você produz como parte de uma indústria em geral Mas para o mestrando você tem essa oportunidade de produzir algo que é expressivamente representativo de você Você vai lá pra biblioteca e é o seu nome que vai ficar lá. Isso, bom, é uma coisa diferente mas a gente não está preparado A cultura que levou a gente pra pós-graduação não preparou a gente pra isso... O narcisismo cultural que nos envolve não preparou a gente pra isso... Frequentemente a gente começa a sonhar com complexos de: "eu vou achar a solução "... o unicórnio dourado para esse problema" porque isso vai ser a forma de eu sair desse sentimento de irrelevância que eu tenho e se tornar alguém na vida, no mundo e para o outro. Isso faz com que situações de avaliação on time e diretas, como a banca, como a qualificação, como a apresentação do teu material se tornem verdadeiros martírios para as pessoas... Porque elas vão ter que defender algo que assim não é só o interesse delas: 'é' elas o que tá posto ali É o seu valor como pessoa, como sujeito, como pensador Isso é muito sensível para uma época que lida mal com as aparências, que lida mal com humildade diante do saber, que lida mal com situações de opressão real de poder, que lida mal com tudo isso que assim você tem condensado na sua pós-graduação! É por isso uma travessia digna de Acheronte - e não é por outro motivo que a gente escolhe chamar a aba do nosso canal de acheronta movebo Em relação ao Freud, que teria dito: "Se não posso mexer os céus, acheronta movebo" vou mexer com os infernos. É uma travessia no inferno o mestrado e doutorado, mas eu diria, assim, e considere então os aspectos relacionais os aspectos humanos do orientador que você vai escolher, do departamento onde você está, considere a cultura institucional do lugar que você escolhe para fazer sua pesquisa porque às vezes você pode estar num lugar de ponta mas aquilo pode fazer mal e ter efeitos iatrogênicos pra sua função cognitiva e também pela sua função desejante. Não desistam! Enfrente, ainda vale a pena e clique aqui no acheronta movebo Tchau, tchau Vale a pena! Vale a pena porque é um desafio que oferece essas oportunidades, vamos dizer assim meio inéditas da gente trabalhar numa comunidade diante de um desafio real, em relação a coisas que efetivamente podem fazer a diferença e vale a pena também porque quando dá certo, ela te coloca numa aventura num vírus pelo qual você é picado com o saber que nunca mais passa e que torna a tua vida realmente mais interessante e mais bibliotecária!.
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Salto:
Vickie Conrad, Cayuga County: State University of New York Upstate Medical University. Distrito Federal: Bronx campus; 2019.
Luna Howell, Hamilton County. Luziânia: Cayuga Community College; 2007.
Ethel Molligan, E 62nd Street zip 10065. Betim: College of Performing Arts; 2016.