New York State College of Agriculture and Life Sciences - O que é que nós podemos fazer para fundar uma nova igreja? Veja, esse é o tema que eu gostaria de tratar no Parresía de hoje e é um tema bastante delicado. As pessoas têm uma ideia estranha de que, para que haja um cisma, se funde uma nova igreja, seria necessário que você mudasse a placa que está na frente da igreja, ou seja, que você diga: Esta antes era a Igreja Católica, agora é a Igreja..." E aí você inventa um novo nome, como existem tantas cópias aqui no Brasil de nomes similares a católico. Veja, por exemplo, Igreja Católica, traduzido: Igreja Universa, ou então, Católica, traduzido: Internacional, Católica, traduzido: Mundial, cada um muda a placa, cada um funda a sua nova Igreja. No entanto, quando acontece esse tipo de cisma, esse tipo de divisão, as coisas são claras e isso não é tão perigoso. Por quê? Porque um católico que sai da sua Igreja e vai vendo que a placa é diferente, ele está sabendo o que está acontecendo, ele sabe que ele deixou de ser católico e, numa sociedade livre, isto é aceitável, ou seja, nós sabemos perfeitamente que a pessoa tem o direito de fazer isso, embora possamos profundamente discordar dessa decisão. A dificuldade maior é quando o título "Igreja Católica" continua lá, mas as coisas tornaram-se bastante diferentes. E então, o que é necessário para que se tenha o nome Igreja Católica, mas as coisas tenham mudado profundamente? Bom, é necessário mudar a finalidade das coisas. Quando você muda a finalidade, você mudou tudo. É como, por exemplo, quando aconteceu terrivelmente, assim, escandalosamente em algumas dioceses nos Estados Unidos que igrejas foram vendidas para tentar sanar a dívida de dioceses. Isso, infelizmente, aconteceu. É uma coisa lamentável, provavelmente não havia mesmo outra saída, mas é tão triste você passar na frente de uma bela igreja, em estilo neo-gótico, que agora é um night club, ou seja, mudou a finalidade. O prédio, materialmente, é o mesmo, mas agora ele é outra coisa. Quando você muda a finalidade, você mudou tudo. Ora, a Igreja de Jesus Cristo foi criada para uma finalidade. A finalidade da Igreja era levar as pessoas para o céu. Jesus diz: "Eu vou para o Pai, vou preparar-vos um lugar junto do meu Pai, eu vou preparar um lugar para vocês porque na casa do meu Pai existem muitas moradas." Jesus veio anunciar o reino dos céus, veio nos levar para o céu. De repente nós começamos a ver que no século XX em vários lugares, não somente aqui no Brasil ou na América Latina, em vários lugares do mundo, de repente a finalidade da Igreja parece que mudou, ou seja, a Igreja parece não ser mais uma realidade espiritual deixada por Jesus aqui na terra para levar as pessoas para o céu, ela mudou de finalidade. Agora, a finalidade da Igreja é construir uma sociedade solidária, uma sociedade igualitária pacífica, etc., um projeto social. A Igreja tornou-se intramundana, ou seja, se imanentizou aquilo que era antes uma realidade transcendente. Então, o que é que nós temos agora? Nós não temos mais a Igreja, nós temos uma "gambiarra" de Igreja. Talvez eu tenha que esclarecer essa palavra, se você for olhar no dicionário, a palavra gambiarra tem um sentido muito específico e os nossos irmãos lusos, os portugueses que falam português de Portugal talvez não entendam quando a gente usa essa palavra aqui no Brasil. O que é que é gambiarra? Além do sentido próprio de uma extensão de fios, etc. e luzes, a gambiarra aqui no Brasil tem um sentido de adaptação, ou seja, é uma coisa onde você dá um jeitinho brasileiro para adaptar e resolver um problema. Por exemplo, um exemplo bem prático: aqui no nosso estúdio nós temos uma gambiarra. Tem esse negócio aqui, esse daqui é um cano, este cano tinha uma finalidade que foi especificada pelo fabricante. Ele era um suporte de cabide, faz parte do armário aqui do estúdio onde a minha batina, a batina que eu uso para a gravação era pendurada, porque tem uma batina surrada, que eu uso no dia a dia, que já está toda brilhando porque o preto, com o uso, cria esse efeito, então tem uma batina que eu reservei, "olha, essa daqui é para a gravação", porque pelo menos ela fica reservada, então ela fica pendurada aí nesse suporte, tem um lugar para cabide. Só que aí, de repente, nós tivemos uma dificuldade: nós precisávamos fechar a porta do estúdio e começamos a usar, tiramos esse cano e começamos a usá-lo como tramela da porta e ele está la para trancar a porta. Isso chama-se gambiarra. Você pegou uma coisa que o fabricante deu uma finalidade e você de repente mudou a finalidade da coisa, não é? Você fez uma adaptação. E essa adaptação é inadequada, é claro, é sempre... não é mais a finalidade disso daqui. Se você for olhar filosoficamente falando, quando você vai definir uma coisa pode usar as quatro causas de Aristóteles. Você tem, por exemplo, uma causa material. Você vai definir isso daqui e diz: é um objeto de metal, de aço cromado, alguma coisa assim, não sei, é metal. Essa é a causa material. Mas, você não disse ainda... é um objeto de metal, ninguém sabe o que é isto. Se você diz, porém: "Não, é um objeto de metal que tem forma cilíndrica", é a causa formal. É um cilindro, mas você ainda não decidiu o que é, não definiu. Porque, afinal das contas, qual é a finalidade desse cilindro?. Você também pode dizer quem é o fabricante: a causa eficiente. Então você vai e diz assim, ó: "Foi feito em tal fábrica, foi fulano de tal quem fez isso daqui". Você ainda não definiu o que é. Para você definir realmente uma coisa, você precisa chegar à causa final. Então, quando você tem a causa final agora eu sei, isso daqui é um suporte de cabides, essa é a finalidade, você definiu a coisa. Ora, quando você deu uma finalidade, você sabe o que é. Aí você vai e muda a finalidade. Materialmente é a mesma coisa, formalmente continua sendo a mesma coisa e, na realidade, a causa eficiente ainda é a mesma, mas você mudou a finalidade, mudou tudo, você mudou tudo. Agora você tem uma emjambração, uma gambiarra, você tem uma adaptação. Pois bem, qual é a dificuldade que nós temos hoje dentro da Igreja Católica. Bom, é que às vezes nós perdemos a finalidade da Igreja, saímos do foco, saímos da finalidade. Mas isso não é que, não é uma coisa que necessariamente foi feita assim de caso pensado. Claro, em alguns casos você pode dizer, "não, foi de caso pensado. Por exemplo, existe uma escola marxista chamada Escola de Frankfurt e existem influências dela dentro da Igreja. Quando você, de repente, por influência da Escola de Frankfurt começa a desconstruir a Igreja Católica e dar uma nova finalidade social para a Igreja Católica, então, de fato, a coisa foi feita de caso pensado. Mas às vezes não é assim. Ás vezes as pessoas mudam a finalidade da Igreja simplesmente porque a sociedade começou como um todo a pensar a si mesma de forma diferente, então, nós estamos numa sociedade que já não se pensa como sendo para Deus. Você pensa a sociedade como sendo para si mesma: "Eu não existo para Deus, eu existo para mim, eu sou o meu deus, eu sou a minha finalidade". Então, de repente, o homem está no centro, o homem tornou-se a finalidade de tudo, eu não existo mais para Deus. Eu sou a razão de ser. Numa sociedade assim, ora, se você tem o fenômeno de que a Igreja deixa de ser evangelizadora e começa a se mundanizar, onde de repente, os arautos do mundo, ou seja, os evangelizadores, muito entre aspas, do mundo, vem dentro da Igreja e começam a transformar a Igreja por dentro, a Igreja, de repente, vai mudando de finalidade e você já não reconhece mais a Igreja Católica, ou seja, uma instituição deixada por Cristo para levar as pessoas para o céu e salvá-las, de repente, tornou-se, para usar a palavra do Papa Francisco, tornou-se uma ONG, por quê? Porque mudamos a finalidade. Precisamos voltar, fazer o nosso exame de consciência e voltar ao foco. O bom é que esta mudança de volta é muito simples: basta uma atitude interior de se focar novamente na finalidade da Igreja. se a finalidade da Igreja é realmente levar as pessoas para o céu, então, tudo muda, nossa pastoral, nossa atitude, nosso jeito de administrar os sacramentos, o jeito de eu me comportar como padre e você se comportar como leigo, aí nós deixamos de ter uma gambiarra e a Igreja volta a ser o que ela é de fato..
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Igarassu:
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