Hilbert College, Hamburg - Porque o medo da gente é sempre que aquele personagem fique inconsistente. Que a pessoa que está lendo a tua história ou o teu livro, que ela acompanhe aquele personagem e ela não sinta nada por ele. Que aquele personagem não convença, que ele fiquei sem-graça, que ele fique raso, que ele fique bobo. Assim, eu só quero lembrar, né gente, que eu não sou profissional, que eu não sou uma técnica no assunto, tem muitos livros legais aí pra quem quiser estudar o tema - aconselho, inclusive - sobre como criar boas narrativas, sobre técnicas de escrita, técnicas pra criação de personagem, vixi... Tem um mundo infinito aí te esperando. O que eu vou falar é o que funciona pra mim. Porque uma coisa é a teoria, outra coisa é a vida real, a vida prática. Aquela coisa de você PÁ está lá a folha em branco e TCHÁ o que que eu faço com isso? Existem algumas situações e eu vou colocar essas situações pra você, talvez pra você, que está começando a escrever, se sentir um pouco mais confortável porque você se identifica com uma dessas situações e aí você vai pensar: "Ah meu Deus, que bom que não é difícil só pra mim". Às vezes a gente acha que porque a gente tem uma dificuldade, quer dizer que a gente não sabe fazer aquilo direito. Não, querido, como eu disse no meu vídeo anterior... Vou deixar o link aqui embaixo, caso você queira assistir ao outro vídeo. Eu sempre quis dizer isso. Como eu disse no meu vídeo anterior, é esforço. O que é que funciona pra mim? É assim. Quando eu resolvo iniciar uma história e eu sei que aquele personagem tem que ter uma personalidade interessante, tem que ser um personagem consistente porque são as características dele que vão levar a história pra frente, o que é que eu faço? Eu penso assim: "Bom, esse personagem é muito importante, então ele tem que ser muito redondo. Tem que estar redondo". Todo personagem, né, mas enfim, numa história assim, em que ele leva todas as coisas nas costas, é mais importante ainda. Então eu fico dias e dias com aquele personagem na minha cabeça. Como ele é fisicamente? Do que ele gosta? Fico imaginando ele em situações do tipo indo ao mercado, ligando para um amigo... Quem são os amigos dessa pessoa? Como é a relação dele com os pais? Que tipo de coisa ele passou na vida? Tudo pra que esse personagem se torne real pra mim. Se tornando real, fica mais fácil de escrever a respeito dele. Ao ponto de, às vezes, em algumas situações, quando esse personagem está muito claro pra gente, ele falar sozinho na história. Você não precisa nem ficar elaborando muitas frases pra ele porque ele meio que vai falando sozinho, ele caminha sozinho na tua página. A outra situação, que também acontece comigo com frequência, é a de você começar a escrever uma história e aquele personagem ali não está exatamente muito claro pra você, ele não está nítido, ele está um pouco embaçado ainda, então você não sabe direito quem ele é. E a medida que você vai escrevendo a história, esse personagem vai aparecendo, ele vai ficando claro pra você. E aí não é anormal você ter que voltar em algumas partes do teu texto pra consertar algumas coisas. Porque às vezes esse personagem fica muito claro só lá na frente. Então isso também acontece, você está escrevendo e aquele personagem vai meio que nascendo a medida que você escreve aquela história. Seja qual for a situação que você estiver passando, eu acho que refletir e parar pra pensar sobre aquele personagem que você quer criar sempre ajuda. E aí, gente, vale anotar, vale desenhar, vale fazer esquema com flechinha, vale fazer textinho do tipo: "Fulaninho, dois pontos. Vegetariano, gosta de filmes de terror, não tem namorada, é tímido...", vale fazer isso, vale fazer esqueminha, vale qualquer coisa. Uma coisa que eu indico e que também funciona e ajuda muito a gente é assim: você encontrar personagens em livros de outros autores que você goste. Personagens que marcaram você, que você adora, que pularam do papel, que era uma pessoa real. E aí ler esse livro em que este personagem está, diferente. Prestando atenção. O que esse autor fez com esse cara, com esse personagem, com essa mulher, com essa criança, com essa pessoa idosa, com esse... alienígena, como que ele descreveu, o que ele fez, que fez esse personagem ficar tão real? É sempre legal, você aprende com os bons autores, com os grandes escritores, a como criar personagens também. Fica a dica. E outra maneira de criar um personagem é você se inspirando em alguém que existe. Algum amigo, sua mãe, seu pai, um tio, um primo. Muitos autores fazem isso e também dá certo, é uma maneira de você criar um personagem. No início, eu escrevi histórias em que as personagens eram amigas minhas. Claro, né, você não tem a obrigação de ser 100% fiel à pessoa que está te inspirando, né? Você vai olhar aquela pessoa, vai emprestar algumas características, enfim, vai se inspirar nela. Não é um documentário, gente. Não é uma biografia. Sempre ajuda a gente procurar conhecimento a respeito do assunto. E um dos livros que eu vou indicar pra você, não pra você seguir como uma receita de bolo, mas pra você aumentar o seu conhecimento sobre o ato de escrever, sobre a escrita, sobre a estrutura de uma narrativa e criação de personagem, é esse aqui ó. A Jornada do Escritor. Espero ter te ajudado e não te atrapalhado. É isso. Beijo, tchau. (Cantando).
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