Artigos Perigosos Na Aviacao

Alfred - VIAGEM À ITÁLIA Onde estamos? Não sei muito bem. - Quanto falta para Nápoles? - Uns 100 km, eu acho. Importa-se se eu dirigir? Receio que vou pegar no sono. Tudo bem. Pode dirigir, se quiser. Você viu? O jeito como esse povo dirige é inacreditável. Parecem loucos. Deve ser divertido para você. Que gente barulhenta! Nunca vi barulho e tédio combinarem tanto. Não concordo. O tio Homer morou aqui 40 anos sem se entediar. O tio Homer não era uma pessoa normal. Preciso escrever para a mamãe. Quanto tempo ficaremos aqui? Alguns dias. Segundo Burton, não será problema vender a casa. Só vim porque sei que resolveremos a confusão da herança logo. Esse Burton parece ser uma pessoa tão organizada. Como podia ser amigo do tio Homer? Só sei que ele o conhecia há vários anos... e que o tio Homer tinha plena confiança nele. Aquilo ali é sangue? Não, é um inseto que se chocou com o pára-brisa. Este lugar está cheio de insetos. - Será que podemos pegar malária? - Dizem que não. Como fui tolo há 3 meses, em Londres. O caso Lewis era tão fácil de resolver. Havia 3 soluções bem melhores que a minha, mas nem imaginei. - Está imaginando agora? - Agora ficou tudo mais claro. Que pena que John e Dorothy não puderam vir conosco. É verdade. Se aceitasse meu conselho de vir de avião, já estaríamos de volta. Eu queria que você descansasse. Não imaginei que minha companhia fosse tão enfadonha. Não é você. Estou entediado porque não há o que fazer. É a primeira vez que ficamos sozinhos de verdade... desde que nos casamos. Acho que é. Boa noite, senhor. Boa noite, madame, boa noite, senhor. Temos uma reserva. O nome é Joyce. Pois não, Sr. Joyce. Acompanhem-me, por favor. Boa noite, Sr. E Sra. Joyce. Quartos 317 e 318. Acompanhem-me, por favor. - Correspondência, senhor. - Obrigado. Boa noite, senhor. - Vamos tomar uns drinques? - Sim, mas não aqui. Vamos descer até o bar. Pelo menos há mais gente lá. Por quê? Vai morrer de tédio se ficarmos sozinhos? Estou pensando em você. Você não gosta muito quando ficamos sozinhos. E você sabe quando estou feliz? Desde que esta viagem começou, não tenho mais certeza. Pela primeira vez, percebi que somos estranhos. Certo. Após 8 anos de casamento, não sabemos nada um do outro. Em casa, tudo parece perfeito. Mas agora que viajamos sozinhos... Pois não? É uma descoberta estranha para mim. Pode enviar este telegrama? Obrigado. Já que somos estranhos, vamos recomeçar do começo. Pode ser divertido, não acha? Vamos descer até o bar. - Acho que... - Olhe só! - Katherine! - Está hospedada aqui? Vim passar o dia aqui. Moro em Capri há 3 meses. - O que estão fazendo aqui? - Viajando a negócios. - E a passeio também. - Que maravilha! Querem jantar conosco? Esta aqui é Leslie Harris. Srta. Rastelli e Paul Dupont. Como vai? Srta. Simbaldi e Srta. Notari. - Vamos tomar um drinque primeiro. - Isso. Acompanhem-nos. Não ande tão depressa. Angelo, água mineral! Ela quebrou a perna há 1 mês. Veio a Nápoles tirar o gesso. Amanhã, volta tudo ao normal. Apressem-se. Estou com fome. Acorde, Alex! Já é tarde! Eu liguei para o Sr. Burton. Ele nos levará até a casa. Acorde! Já é tarde! Pelo menos dorme-se bem neste país. Eu estava sonhando, mas não lembro com o quê. Com a encantadora Judy que conheceu ontem à noite. - Pode ser. - Nunca o vi em tão boa forma. - Deu para conhecê-la direito? - Sim. Bom, vou levantar. - Tem chá? - Estão mandando. Sou uma tola. Nunca percebi seu interesse em outras mulheres. É mesmo? Alô? Diga a ele que desceremos logo e indique-lhe o bar. Obrigada. Ele chegou. Há duas pessoas interessadas. É uma pena vender uma casa tão linda. Eu sei, mas precisamos vender. Adoro aquela casa. Fui para lá durante a guerra. Estava vazia e abandonada. Quando eu a vi, decidi tomar conta dela... para evitar que fosse depredada. Um dia, o tio Homer apareceu. Seu refúgio era Capri, onde vivia vigiado pela polícia. - Vivia trancado, o coitado. - Ele sumiu durante a guerra. Foi loucura querer ficar num país inimigo. Até que a temporada dele em Capri não foi tão ruim. Ele tinha muitos amigos. Todos o adoravam. Homer era um homem do qual era impossível não gostar. Quando os aliados chegaram, fui transferido para Veneza. Foi lá que conheci minha noiva. Homer se tornou um pai para nós. Lá está a casa! Aquela branca, estão vendo? O carro chegou! Eles chegaram! Bem vindos! - Bom dia! - Esta é Natalia, minha esposa. Podem entrar. Eu levo a bagagem. Entrem, por favor. Acompanhem-me, por favor. Era nesta sala que o tio Homer jantava com seus convidados. Colocávamos uma mesa grande bem aqui. Não sabia que meu tio tinha tanto bom gosto. Por aqui, por favor. Que móvel lindo, não acha? Ali ficam a cozinha e a despensa. Por favor. Olhe só para ela. - Não parece a Alichia? - Eu não acho. O perfil parece. Mas ela é muito mais bonita. Não são lindos. Porcelana da França, da velha Paris. Venham. Quero que vejam a varanda. Aquele é o Vesúvio. Desde a erupção de 1944 ele está inativo. Mas a temperatura está começando a subir. Atrás daquela primeira montanha fica Pompéia. Ali fica Castellamare, Torre Annunziata... Resina fica ali, e ali fica Nápoles. Ali fica Ischia, a Ilha de Capri... e aquela grande faixa é a Península de Sorrento. - Lindo, não é? - Muito. Por aqui, por favor. Uma pintura napolitana do século 19 de Palizzi. Muito famosa. Aqui bate sol o dia inteiro. Era o canto preferido do tio Homer. Por aqui ficam os quartos. - Este é seu quarto, Sra. Joyce. - Muito agradável. As malas. Coloque aqui. - Obrigada. - Muito bem. - Vocês vão almoçar aqui? - Claro. - Ficará pronto em uma hora. - Muito obrigada. - Vocês gostaram? - Está uma delícia. Se vão passar uma temporada aqui, devemos arrumar uns empregados. Se puder arrumar alguém que trabalhe alguns dias. - Alguns dias? - Não podemos nos demorar. O governo não nos dá recursos para viajarmos por muito tempo. Ganho 10 libras por dia, sabe? Eu entendo. Tive muita sorte. Vim para cá depois da guerra, assim que saí do exército. Aí, nos casamos. Este vinho é excelente. O tio Homer nos deixou ficar num dos chalés para caça. Arranjei um emprego em Pompéia nas escavações. Fiz um curso de arqueologia. Precisam ver as escavações. Vamos ver, com certeza. Tenho interesse em conhecer Pompéia. Isso me deixou com sede. E você? Eu não. Não viu que nem toquei a comida? Pra que será todo esse alho e azeite? - Acabei com a jarra de vinho. - Cuidado pra não exagerar. Pra onde foi todo mundo? Ouvi alguém conversando dentro da casa. Vou ver o que está havendo. Com licensa. Desculpe incomodá-la. Estou terrivelmente com sede. É a comida, você sabe. Não estou acostumado com tanto tempero. Algo pra beber. Só quero algo pra encher aqui. Esse vinho é excelente. Mas quero algo pra encher aqui. Você não me entendeu. Quero encher com vinho. Como ousa falar comigo assim? Ela disse que não te entende. Estou morrendo de sede. Queria uma bebida. Obviamente a pobre mulher não te entendeu. Parece que você não está fazendo os gestos certos. Que gesto eu deveria fazer? Pra encher a garrafa faça isto. E pra uma água mineral? É simples. Todos estão dormindo. Parece até madrugada. - Também está dormindo? - Quase. O sol está tão gostoso. Por que não fica aqui também? Templo do espírito. Corpos não existem mais. Somente... puras imagens ascéticas. Lembra-se do Charles? - Que Charles? - Charles Lewington. - Lewington? - Ele morreu há 2 anos. - Acabou de receber a notícia? - Não. Eu soube no dia seguinte. Faz 2 anos. Lewington... Não me lembro desse sujeito. - Onde o conhecemos? - Na casa dos Hooper-Smith. - Ele era advogado? - Não. Era poeta. Era alto, magro, de pele clara, muito pálido e espiritual. Ele ficou numa base aqui na Itália durante a guerra. Nesta cidade, aliás. Acho que me lembrei. Ele foi a um... dos concertos do Arthur. Um acesso de tosse o obrigou a se retirar. Ele era muito doente. Pegou alguma coisa na guerra. Esse sujeito me fez pensar numa coisa. No quê? Que se aprende mais com a tosse de um homem que com suas palavras. - O que a tosse dele lhe mostrou? - Que ele era um tolo. - Não era tolo. Era poeta. - E faz diferença? - Ele escreveu poemas maravilhosos. - Vou comprar um livro dele. Seus livros nunca foram publicados porque ele era muito jovem. - Então como conhece seus poemas? - Ele leu para mim. Copiei alguns. Templo do espírito Corpos não existem mais Somente puras imagens ascéticas Comparado a meros pensamentos Parece carne Pesada e fraca Escreveu seus poemas durante a guerra. Não sabia que eram grandes amigos. Eu o conheci antes de conhecer você. Era apaixonada por ele? Não. Mas nos dávamos muito bem. Eu o via muito em Copling Farm. Ele ficou tão doente que eu não podia mais visitá-Io. Não o vi por quase um ano até a véspera do nosso casamento. Na véspera da minha viagem para Londres. Estava fazendo as malas e ouvi pedrinhas na minha janela. Chovia tanto que não dava para ver nada. Então fui correndo até o jardim, do jeito que estava... e lá estava ele. Ele tremia de frio. Foi tão estranho e romântico. Queria provar para mim que apesar da febre alta... ele enfrentou a chuva para me ver. Ou então queria morrer. Que poético! Bem mais que os versos dele. Alex! - Alex, posso usar o carro? - Claro. - Bom dia, Sra. Joyce. - Aonde vai? A Nápoles. - Por que a pressa? - Não estou com pressa. - Então o que é? - Posso usar o carro da Sra. Burton. Já disse que não vou usá-Io. Estou esperando os compradores. - Seria bom se você ficasse. - Para quê? Acho que seria uma boa idéia. Pode ir quando eles forem embora. Será tarde demais. Quero ir ao museu. Fecha às 4h, e não quero perder nada. - Não vai almoçar? - Comi um sanduíche. Vou indo. É o museu que aquele seu amigo... - descreveu em seus versos? - Talvez. Eu o odeio. Grosso! Ele acha que sabe tudo! Devia ser castigado por seu orgulho e arrogância. Deve ser aqui. Bom dia. Tem um guia, madame? - Ainda não. - Quer visitar a galeria de arte? - Seria ótimo. - Muito bem. Comprou ingresso? Pode entrar. Eu compro para a senhora. Por aqui, por favor. Há muitos anos, isto aqui era um alojamento de soldados. Em 1700, o rei Charles o transformou em museu. Este museu é importante. Continha salões com pinturas de Pompéia. Estas esculturas provêm de coleções famosas: Capo de Malta, Herculano, Pompéia, etc. Este é o famoso grupo de dançarinas. Foi encontrado numa vila em Herculano. Observe a harmonia dos movimentos. A quarta estátua se parece com minha filha Marianna. Este centauro foi encontrado em Pompéia. Era uma divindade pagã que vivia nas florestas. Felizmente, eles não existem mais. Eram muito perigosos. Este é o Jovem Embriagado. Ele está prestes a dormir. O sono é um hábito maravilhoso. Aqui temos um jovem arremessador de discos grego. Aqui temos os imperadores. Este é Caracalla, que construiu as termas públicas em Roma. Ele matou seu irmão nos braços da própria mãe. Este é Nero. Deve ter ouvido falar nele. Tem o rosto de um anjo, mas era um louco. Incendiou Roma e matou a família, inclusive sua mãe. Este é Tibério. Passou a vida inteira na Ilha de Capri por causa da boa vida. Também era meio louco. Costumava alimentar peixes com seus escravos. Belos imperadores, não acha, madame? Esta é a minha Vênus preferida. Não é tão jovem quanto as outras. É mais... mais madura. Não concorda? - Não tenho idéia. - Aqui temos a estátua de Hércules. Foi retirada das termas de Caracalla em Roma. Tem quase 3 metros e 2.200 anos. Mostra Hércules recostado a uma coluna. Parece que todo mundo por aqui descansa, menos eu. É maravilhosa. Ali, a famosa Farnese, esculpida num único bloco de mármore. Tem mais de 4 metros e foi restaurada por Michelângelo. É a maior peça em mármore do mundo. Este grupo representa os filhos de Antíope, Anteus e Zeus... que, para vingar sua mãe, amarraram a cruel rainha Dirce... aos chifres de um touro furioso. Esses homens viveram há milhares de anos... mas são iguais aos homens de hoje. Impressionante. É como se Nero, Caracalla... César ou Tibério expressassem o que sentiam... e você pudesse compreender. - Nenhuma figura ascética. - Não, nenhuma. Pobre Charles. Ele tinha um jeito próprio de ver as coisas. O que me chocou foi a total falta de pudor. Eles nem tentavam... Entre. Desculpe incomodar, mas um amigo do tio Homer telefonou. Seu melhor amigo, o Duque de Lipoli. Ele quer conhecê-Ios. Disse que não estavam e pedi para ligar mais tarde. Quando ele ligar, falo com ele. Seria divertido conhecê-Io. - Certo, então. Boa noite. - Boa noite. Vamos jantar. Vamos tentar aproveitar as férias. Se não aproveitarmos é culpa sua. Não sabe como pode ser cruel às vezes. É insuportável. - Os compradores vieram? - Vieram. - E o que decidiram? - Nada. Nada? Farão uma oferta na quinta-feira. - Que tipo de gente era? - Bem falante. O que é isso? Vão se casar em uma semana e vivem brigando! - Por ciúmes! - Ciúmes antes do casamento? O período antes do casamento é bastante delicado. - O Duque de Lipoli? Segundo andar. - Obrigado. Obrigado. - Boa noite. Muito prazer. - Como vai? - Entrem, por favor. - Obrigado. Que bom que vieram. Queríamos muito para conhecê-Ios. Não sabia que Homer tinha uma sobrinha tão linda. Todos aqui eram amigos dele. Esta é a Duquesa de Mont Alban... e este é o Duque de Marino. - Venha, Sra. Joyce. - Aceita uma bebida, Sr. Joyce? Conde e Condessa de Trebizonda, príncipe e princesa Melissa... esta é a Sra. Joyce. Sente-se, por favor. Obrigada. O velho tio Homer guardou segredo... - em relação a esta beldade. - Tinha mania de guardar segredos. Até sobre sua morte! Descobrimos muito tempo depois que ele já tinha sido enterrado. Um dia, nos vingaremos dele lá em cima. - Faremos uma visita surpresa. - Ele fingirá que se surpreendeu. Sua casa é muito diferente e confortável. Parece um daqueles elogios que escondem a verdadeira opinião: - Dolce farniente! - Não entendi. Como podemos traduzir essa expressão? É impossível. Talvez eu pudesse dizer: Como é gostoso não fazer nada. - Agora entendi. - A preguiça napolitana é famosa. Eu lhe pergunto: Diria que um náufrago é preguiçoso? De certa forma, somos todos náufragos. Lutamos tanto para não afundar! Para mim, é um naufrágio bastante agradável. Ainda mais quando vejo seus olhos. São como estrelas no céu da noite. - Está gostando de Nápoles? - Ainda não conheci muita coisa. - Quando chegaram? - Há três dias. Vieram de avião? Não. Viemos de carro. - Quer beber alguma coisa? - Tudo bem. - Conhaque? - Sim, por favor. Você se divertiu? Não. Engraçado. Há muito tempo não via você de tão bom humor. Você também parecia bem feliz. Queria que eu demonstrasse tédio? Por que não admite que se divertiu? Não quero falar sobre isso. Todos aqueles italianos à sua volta... Estavam lhe contando histórias engraçadas? - Está com ciúmes? - É o que você acha? Desde que percebemos que nosso casamento vai mal... - você só fez piorar a situação. - E você? Você não disse nem fez nada para tentar salvar nosso casamento. - Por que só eu? - Porque é culpa sua! É tudo culpa sua! Saiba que não demorei muito para perceber que havia problemas. Seu olhar cheio de críticas vive me destruindo! Isso é ridículo. Mas é bom saber que o que penso é importante. - O que quer dizer? - Exatamente o que eu disse. Diz que eu a critico, mas não é verdade. - Mas não gosto de certas coisas. - Eu sei disso. Sua falta de senso de humor, seu romantismo ridículo. Mas quando passei de sua esposa a mera anfitriã de amigos seus... você pareceu satisfeito. Não quero mais falar sobre isso. Estou cansado deste país cercado de preguiça! Quero voltar para casa, trabalhar. Fazia tempo que não mencionava nada relacionado a trabalho. Aposto que vai falar de dever agora. Trabalho e dever não são nada para você desde que veio para cá? - Não seja hipócrita! - Já chega. O melhor a fazer é ficarmos longe um do outro. Vou esperar a oferta dos compradores em Capri. Vai se divertir em Capri já que seus amigos estão lá. Seus amigos são adoráveis. Alex! "Vou a Capri me divertir, como você sugeriu. Museus me irritam. Boa peregrinação. Alex." Foi a Capri... para se divertir. Se ele acha que estou com ciúmes... - Quem morreu? - Don Pasquale. Um bom homem. Ajudava a todos. Ele acha que eu vou ceder, que vou correr atrás dele. Pois está enganado. Aprendi muita coisa com ele. Ele vai ver. Ele vai ver. À esquerda da acrópole fica a caverna da feiticeira. Após os gregos e os romanos, isto foi transformado numa fortaleza. - Uma fortaleza! - Foi o que eu disse. Após abandonar a cidade de Tróia... Enéias desembarcou nesta praia. Na úItima guerra, tropas inglesas desembarcaram aqui. Tropas inglesas desembarcaram aqui? Aqui mesmo. - Onde ficaram? - Aqui mesmo. Esta é a caverna da feiticeira Camara. - É imensa. - Ouça só o eco! - Estou ouvindo. Uma maravilha. - Antigamente, era melhor ainda. As paredes eram cobertas de azulejo. Extraordinário. Lá no fundo, fica os aposentos da feiticeira. Aqui, ficava o banheiro. Por aqui, madame. Os cristãos transformaram tudo em catacumbas. Está vendo, madame? Os amantes vinham consultar a feiticeira. Eles queriam saber o que aconteceria com seu amor. "Templo de espíritos Corpos não existem mais Somente puras imagens ascéticas" Madame! Não quer visitar os aposentos da feiticeira? Não, obrigada. Fica para outra vez. Madame, está vendo estes buracos? Era aí que os sarracenos amarravam seus prisioneiros. Com licença. Era assim que eles amarravam uma linda mulher como a senhora. O que é que ela quer? - Onde fica o templo de Apolo? - Lá em cima. Mas não vou subir por causa do vento. Adeus. Que velho tolo! Todos os homens são iguais. Eu te odeio! Tão cínico! Tão cruel! Querem alguma coisa? Um sanduíche, Judy? Mais? - E para você? - Obrigado. Pronto. Não tive receios quando resolvi deixar meu marido. O mais importante era minha liberdade. Você parece cheio de receios... cheio de dúvidas. É porque você a ama e tem ciúmes dela. Ciúmes? - Que horas são, querida? - 10:30h. 10:30h. Já é tarde. Venham, pessoal! Temos uma regra: Nunca passamos das 10:30h. - Muito obrigado. - Boa noite. Boa noite. Boa noite. Vamos! Vamos logo! Obrigada por ter vindo. Volte mais vezes, está bem? - Obrigada pela festa! - Boa noite. Boa noite. - Boa noite. - Boa noite. - Esperem por mim. - Venha de uma vez! - Boa noite. - Tchau. Vai levar Marie para casa. Então boa noite. - Posso lhe dar o braço? - Claro. Obrigada. Quer ir direto para casa? - O céu está lindo. - Está mesmo. É uma pena eu não poder deixar minha janela aberta. O ar noturno me faz mal. Mas deixo a cortina aberta. Se acordo no meio da noite... posso ver as estrelas através da janela. É um belo jeito de ver as estrelas. Eu moro aqui. Boa noite. - Podemos nos ver amanhã? - Claro. - A que horas? - Às 11 h. - Boa noite. - Boa noite. Por aqui, madame. Esta cratera se formou na úItima erupção. Pode-se ver a lava borbulhando. Nesta parte, a profundidade... - é de apenas 3 metros. - Não é perigoso? Não. Vou lhe mostrar o mistério da ionização. - O que isso significa? - É um fenômeno interessante. Vou lhe mostrar. É só acender uma tocha, e a fumaça se espalha. Não somente onde estamos, mas em todas as crateras. - Espere, vou tirar uma foto. - Como quiser, madame. Pronto. Lá vamos nós. Veja a fumaça naquele canto. Viu só o que aconteceu? A fumaça sobe aqui... e lá do outro lado, por toda a montanha. Inacreditável! Extraordinário! Não é? Olhe ali! Observe este lugar. Fique aí, por favor. Agora, madame, vou mostrar o mesmo efeito de ionização... produzido por um cigarro. Sinta o calor desta abertura... - e observe. - Está quente! Agora veja. Está vendo? Aqui e por toda a parte. Por toda a montanha ao mesmo tempo. A fumaça sobe na área toda. Mais uma vez. - Posso tentar? - Claro. Fique à vontade. - Eu seguro. - Obrigada. Por aqui, por favor. Esta atração a senhora não pode perder. Este é o pequeno Vesúvio, chamado de Vesúvio de bolso. É um dos lugares mais interessantes da região. Naquele canto estão as cinzas em ebulição. A senhora vai ver. Menino, venha cá. Remexa ali! Veja só! Está vendo as cinzas? Sabia que Pompéia foi destruída por uma nuvem de cinzas? Isso. Agora, se puder me acompanhar, por favor. Bom dia! Bom dia! Estou atrasada. Tudo bem, sou paciente. - Aonde vamos? - Gostaria de dar um passeio? - Seria ótimo para minha perna. - Para que lado vamos? - Vamos para cá. - Tudo bem. - Sente-se melhor? - Sim, obrigada. Mas dormi muito pouco a noite passada. - Por quê? - Não sei. Sinto-me tão sozinha em casa. É tudo tão sem graça sem aquela desordem que um homem provoca. As portas e os armários emitem sons estranhos. Sons que nunca ouvi antes. Até o barulho de fora fica mais alto e mais claro. Os passos das pessoas, vozes, crianças gritando... ou um rádio ao longe. O destino é muito estranho. O mundo é tão grande. Eu poderia nunca tê-la conhecido. Quando a vi pela primeira vez, mal a notei. Mas agora sua felicidade é muito importante para mim. Mas eu sou feliz. E muito. Está tudo bem com meu marido agora. Andei tão preocupada. Não imagina as cartas que escrevemos. Sabe, ele não é de escrever muito... mas quando quer magoar alguém, magoa com uma única palavra. Mas agora está tudo bem. Ele chegará em Capri esta noite. - Já vão trazer sua água quente. - Obrigada. - Teve um dia agradável? - Bastante agradável. - Viu alguma novidade? - As fontes de enxofre. Lugar estranho, não acha? Diga-me: Você imaginava que Nápoles fosse assim? Não sei. Não imaginava que fosse tudo isso. Você nem imagina como Nápoles é. Vou lhe mostrar. Amanhã, se quiser, podemos ir visitar as Fontanelle. - O que é isso? - São catacumbas. Há esqueletos por toda a parte. É um cemitério. - Parece-me mórbido. - Mórbido? Pelo contrário. São esqueletos de pessoas que morreram até 400 anos atrás. - Não me parece muito divertido. - É porque nunca esteve lá. Poucas pessoas vão àquele lugar. Muita gente escolhe um esqueleto... coloca todas as partes no lugar, cuida dele... leva flores todos os dias e deixa uma lamparina acesa. Para que tudo isso? Por pena, eu acho. Esses pobres mortos foram abandonados. Ninguém cuida deles nem reza por eles. Não consigo entender. Sei que é difícil entender, mas você vai ver. Deve ser o barco que vem de Capri. É isso mesmo. - Seu marido volta esta noite? - Não sei. Ele não telefonou. Estou com uma dor de cabeça. Deve ser a umidade do ar. Se trouxessem a água do chá, eu tomaria uma aspirina. Vou verificar. Um estrangeiro não tem muito o que fazer nesta cidade. - Há algumas boates, senhor. - Já as visitei. Mas não gostei muito. E a que fica à esquerda do hotel, a uns dois quarteirões. Não conheço. Eles fazem apresentações. É um pouco melhor que as outras. Vou verificar. - Quanto lhe devo? - 3 mil liras, senhor. - Obrigado. - Boa noite. Boa noite, senhor. Boa noite. Boa noite. Você me quer? Receio que não entendo italiano. - Seu safado sem-vergonha! - O que disse? Se falar rápido, não entendo. Fale devagar. O que você disse? Nada. Nada de importante. - Cigarro? - Obrigada. Uma amiga minha morreu hoje. Era uma mulher... de 32 anos. Ela estava numa boate, repousou a cabeça na mesa... e morreu. - Morreu do quê? - Do coração. Ela teve um bebê há 7 meses. Sinto muito. Se você não tivesse me chamado... acho que eu teria me jogado no mar. - Não está exagerando? - Talvez. Mas é o que teria feito. - Olha, depois de... - Aonde você quer ir? Quer ir para sua casa? Está hospedado num hotel? Aonde vamos? A lugar nenhum. Vamos dar uma volta, eu a deixo onde quiser. Alex! Alex! O que foi? Só queria saber se era você. - Quem você pensou que era? - Eu estava dormindo. Tomei tanto sol hoje e estava tão cansada que logo peguei no sono. Dorme-se muito bem aqui. - E então... - Acordei assustada com o barulho. Não sabia se... Não sabia se ia voltar hoje. Como pode ver, voltei. - Você se divertiu? - Até que sim. Em que barco você voltou? No das 5h. Das 5h? E o que fez até agora? Fiquei em Nápoles. - Quer saber mais alguma coisa? - Claro que não. - Me dá permissão para dormir? - Claro. Obrigado. - Boa noite. - Boa noite. - Pode me fazer um favor? - Sim. Mande me acordar às 11 h. Não tenho dormido bem nessas úItimas noites. Tudo bem. - Boa noite. - Boa noite. Não lembro se eu devia acordar o Alex antes de sair. Acho que não. Ele disse que queria dormir até as 11 h. Dormir sempre é bom. Deixe-o. A propósito, ele gostou de Capri? Não muito, eu receio. Que Nossa Senhora bonita! Há umas lindas por aí. Vou a história do estrangeiro que andava pelas calçadas de Nápoles. De repente, ele percebeu que todo mundo o saudava. Ele não entendia como tinha ficado tão popular. Aí ele percebeu que estava parado diante de uma Nossa Senhora. Há tantas grávidas por aqui. Há centenas delas nas ruas de Nápoles. Só aqui tem... duas, três... quatro, cinco... e mais uma ali na frente, seis. Me arrependi de ter pegado o carro. E se ele precisar? Olha só aquele burrinho! Tão pequeno e carregando tanto peso! Mas eles são muito fortes. É uma raça resistente. - A comida por aqui é picante. - Por quê? - Não se sente bem? - Estou falando do meu marido. Aquelas crianças são tão bonitas. As crianças daqui são lindas. Seu marido gosta de crianças? Eu não sei. Acho que sim. Mas nunca se sabe o que ele pensa. Meu irmão morreu na Grécia durante a guerra. Foi enterrado lá. Sempre venho aqui rezar por ele. Me consola um pouco. Também rezo por outra coisa. Eu queria tanto... Eu queria tanto ter um filho. Você entende, não é? - Bom dia. - Bom dia. - Bom dia. - Até mais tarde. - Você pegou o carro. - Não sabia se precisava dele. - Podia ter perguntado. - Tinha pressa. Não quis acordá-Io. O que poderia ser tão urgente? Ruínas imortalizadas por Charles? - Cansei das suas peregrinações. - Tanta confusão por um carro! Não é isso. Parece que você perdeu o juízo de vez. - Está insuportável. - Vamos tomar uma providência. - Muito bem. Quero o divórcio. - Bom dia! Vim buscar vocês. Vamos a Pompéia imediatamente. - Impossível. Eu... - Não podem faltar à ocasião. É um evento muito raro desde que começaram as escavações. Vão encher de gesso a fôrma de um corpo produzida pela lava. - Lamento... - Vocês precisam vir. Imaginem ver a forma de um homem daquela época... surpreendido pela morte. É uma experiência incrível e muito rara. Faço questão. Garanto que irão me agradecer mais tarde. Aqui só há novas escavações. Neste local, encontraram a fôrma. Quando encontram uma fôrma, eles fazem uns buracos... para inserir o gesso. O gesso preenche o espaço deixado no chão pelo corpo desintegrado. As fôrmas de corpos e objetos têm sido recompostas há 2 mil anos. Já dá para ver alguma coisa. O que é? Vejamos... Parece uma perna. Isso. Agora, um braço! Outras duas pernas. Nossa! Deve ser um grupo. Uma vez, encontraram os restos de nove pessoas. A cabeça. Dá para ver o crânio preenchido pelo gesso. Agora, o crânio e os dentes, totalmente preservados. Duas pessoas no momento da morte. Um homem e uma mulher. Talvez marido e mulher. Ter uma morte dessas juntos. - O que há com a Sra. Joyce? - Não sei. - Posso fazer alguma coisa? - Vou falar com ela. Katherine, o que deu em você? Alex, já é demais. Não agüento mais isso. Por favor, me leve para casa. Não quero mais ficar aqui. Está bem, mas não podemos abandonar as pessoas deste jeito. Eles foram tão gentis conosco. Devemos a eles uma explicação. - Diga que estou passando mal. - Está bem. Minha mulher não se sente bem. Vou levá-la para casa. Eu sinto muito. Quer que eu lhe mostre o caminho? Em casa ela poderá descansar. Vou com vocês. É melhor eu ir sozinho. Ela não quer companhia no momento. - Ela vai melhorar. Já voltamos. - Está bem. - A saída é para lá? - É, sim. Entendo como se sente. Também fiquei comovido. - Mas tente se recompor. - Também emocionou você? Vi tanta coisa estranha hoje. Nem tive tempo de lhe contar. Não lhe contei várias coisas. Desculpe ter sido tão rude com você esta manhã. Por quê? Nossa situação está bem clara. Já tomamos uma decisão. Não precisa se desculpar. Não quer dar uma olhada por aí já que estamos aqui? Não. Nada aqui lhe traz lembranças? Pare! Precisa ficar remoendo? Já cansei do seu sarcasmo. Vamos nos divorciar e pronto. A vida é tão curta. Por isso devemos aproveitá-la bem. Andei pensando. Talvez eu deva partir imediatamente. Você gosta daqui, então fique até vender a casa. Voltarei para Londres de avião. O melhor é falar com um advogado e dar entrada no divórcio. Vai ver o problema do nosso casamento é que... nunca tivemos filhos. Você nunca quis. E agora eu concordo. Você tinha razão. Percebeu tudo bem antes de mim. Imagine como seria ruim ter uma criança no meio disso tudo. O divórcio seria ainda mais doloroso. Doloroso? Será doloroso para você? Bem, seria mais complicado. Mas o que está acontecendo? Veja essa gente toda! Todas essas crianças! Que horror! Só vamos conseguir passar em algumas horas. Alex, escute. Tem certeza de que estamos fazendo a coisa certa? Está ficando sentimental agora? Katherine, fomos honestos até agora. Não estrague tudo. Como podem acreditar nisso? Parecem até crianças. Crianças são felizes. Alex, não quero terminar tudo com você me detestando! Katherine, que joguinho é esse? Você nunca nem tentou me entender. O que você quer? - Nada. Eu te desprezo! - Vamos tentar sair daqui. Alex! Alex! Alex! - Não quero te perder. - Katherine... Katherine, o que há de errado? Por que nos torturamos assim? Quando você me machuca, eu tento te machucar também. Mas não agüento mais. Eu te amo. - Somos sensíveis demais. - Diga que me ama. Se eu disser que amo, promete que não vai se aproveitar? Prometo. Mas quero ouvir você dizer. Está bem. Eu te amo..

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Wilson McCarty, Orleans County. Codó: Tri-State College of Acupuncture; 2006.

Tom McPherson, 5th Avenue zip 10010. Anápolis: Colgate University; 2017.

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