North Country Community College - Não é só pra quem é da moda Se preocupar da onde vem suas roupas, como elas foram feitas E fazer melhores escolhas É uma questão que compete a todo mundo Quem trabalha, quem compra, quem consome, quem vende Todo mundo, de alguma forma, tá relacionado nessa cadeia "Como eu vim parar na moda?" É uma pergunta muito boa, porque eu nunca tive nenhuma relação com esse universo Eu nunca fui aquela pessoa, Até hoje, eu não sou essa pessoa que as pessoas associam imediatamente à moda Nunca fui a que se preocupa muito com o vestir do lado mais... Seguir a moda, seguir as tendências Mas, de alguma forma, como todas as pessoas Como a maioria das pessoas do mundo se vestem Então, esse assunto acabou me tocando de diversas formas ao longo da vida No começo eu não conseguia encontrar roupas com as quais eu me identificava Eu ia fazer compras, isso há uns oito, dez anos atrás Eu ia fazer compra, não me identificava E isso começou a virar uma pulguinha atrás da minha orelha Eu comecei a buscar costureiras que fizessem coisas sob medida Comecei a ler um blog das meninas da oficina de estilo E me encantei, porque pela primeira vez eu vi alguem dizendo "Vista quem você é e seja quem você é" "E não se preocupe com o que os outros dizem" "E goste do seu corpo do jeito que ele é" E isso era só um assunto que corria em paralelo na vida Eu trabalhava com publicidade e era assim, na hora de pensar em roupa Eu buscava essas outras referências Até que um momento eu comecei a questionar O meu trabalho, comecei a mudar algumas coisas Até essa coisa desse novo tipo de relação com a moda e com a roupa na minha vida Trouxe também para a vida pessoal algumas mudanças de alimentação, de transporte, Outras escolhas que causassem menos impacto no mundo, vamos dizer assim Então, ao mesmo tempo, eu estava buscando saber da onde que vinha minha comida E no meu trabalho eu convencia as pessoas a comprarem mais E irem no shopping e depois concorrerem a um carro no final do ano E a coisa ficou muito distante, muito incoerente E, no meio disso, eu comecei a buscar uma solução para as roupas "Que eu posso fazer em relação à roupa que cause menos impacto e Que reaproveite o que já existe?" Ai eu cheguei numa oficina da Gabi, a Gabi Mazepa do ReRoupa E aquilo foi muito transformador para mim O processo de trazer um vestido e transformar ele numa saia e numa blusa Uma pessoa que nunca tinha costurado antes, na vida Assim, roupa mesmo... Eu já tinha bordado, mas não era a mesma coisa Aquilo foi muito transformador para mim, porque eu enxerguei naquele ato De você transformar uma coisa em outra, uma possibilidade para você fazer isso com qualquer outra coisa Então, a roupa, ela foi meio que o gancho para eu despertar esse olhar para tudo na minha vida Então, não é só pra quem é da moda se preocupar da onde vem suas roupas Como elas foram feitas e fazer melhores escolhas É uma questão que compete a todo mundo Quem trabalha, quem compra, quem consome, quem vende Todo mundo de alguma forma está relacionado nessa cadeia O Roupa Livre começou então porque eu comecei a trabalhar com a Gabi no ReRoupa, trabalho com ela até hoje Ajudo ela na parte estratégica, em tudo que eu puder A Gabi conta comigo pro ReRoupa que é roupa feita de roupa Esse é o foco do projeto Só que aí eu comecei a ver Quando eu fiz a oficina da Gabi, aquilo me despertou um olhar tão amplo para as coisas, que eu comecei a ver que a gente podia fazer para além disso Não só transformar Mas e o conserto? A troca? A reforma? E o conteúdo? E o tingimento? E milhares de coisas Eu fui vendo e falava "Gente, é muito pouco criativo" Se a gente for pensar Eu preciso de uma coisa Comprar A gente só ter essa opção, só tem esse verbo, é muito pouco Tem muita coisa que dá pra fazer antes ou você incluir como opção na sua vida E, aí, o Roupa Livre nasceu de um evento, de um final de semana, que a gente resolveu fazer, que era com a Gabi, com a Elisa, tinha a Érica Minchin, que era consultora de estilo, a gente fez um encontro de troca Então, era para começar a mostrar essas opções de uma forma mais concentrada Porque, hoje, ainda não é tão acessível, a três anos atrás era menos acessível ainda Não se falava tanto em Upcycling, em transformação Em voltar a fazer a sua própria roupa Não se falava tanto disso dentro desse contexto do universo do consumo E, aí, a gente fez esse evento de um final de semana e foi impossível parar num evento, porque a coisa tomou uma forma muito maior A gente criou um site, determinou um posicionamento do por quê a gente estava fazendo aquilo E as pessoas se conectaram demais com a ideia Na sequência veio o blog, daí veio um outro evento, um outro evento veio um outro evento, um outro evento e assim foram os últimos três anos Hoje já foram mais de 60 eventos Mais de- a gente fala que tem mais de 20 mil pessoas conectadas à rede porque hoje a gente tem um aplicativo de troca de roupas que funciona na lógica do Tinder, que tá com quase 13 mil usuários Então, essa galera veio, deu um corpo para as pessoas que estão na rede E, hoje, de um evento, ele passou por vários momentos, várias etapas Se tornou como se fosse um estúdio criativo que desenvolve essa solução para um mundo que já tem roupas demais Eu queria muito que, no futuro, a gente tivesse, assim, muitos outros modelos de negócios viáveis que contemplem a criação, que contemplem essa nossa relação mais afetiva com as roupas, com a produção E que não dependam da gente continuar alimentando esse sistema que só se sustenta na produção de cada vez mais coisas e de oprimir as pessoas tanto explorando o trabalho delas ou oprimindo até a autoestima E fazendo as pessoas sentirem mal porque elas tem que ter Acho que é mais por aí que eu vejo esse futuro Não sei na prática, como isso funcionaria Mas isso aí a gente vai resolver, vai descobrindo no caminho.
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Olinda:
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