Aaron Copland School of Music - Cuba-EUA em Pictoline: amenas ilustrações e inocentes disparates ou propaganda vulgar? "Pictoline" é uma popular plataforma da internet que "propõe a simplificação das notícias da atualidade em forma de desenhos". A cada dia alcança milhões de pessoas por meio das redes sociais e milhares de leitores dos diários digitais que reproduzem suas ilustrações e caricaturas. Há alguns dias, "Pictoline" apresentou uma breve animação, em formato gif, intitulada "Por que os Estados Unidos têm uma prisão em Cuba?". Nela, lemos que a base naval de Guantánamo existe porque "depois da independência de Cuba, ambos os países, Cuba e EUA, assinaram a Emenda Platt", pela qual o governo cubano "aceitou alugar a Baía de Guantánamo aos EUA de maneira perpétua em troca de duas mil moedas de ouro anuais". Não é estranho ler esse disparate histórico, repetição da propaganda oficial norte-americana, se levarmos em conta que a fonte para a ilustração é o conhecido jornal direitista "The Washington Post". A mencionada Emenda Platt, recordemos, não foi um acordo "assinado por ambos os países". Foi um pequeno texto, composto de oito artigos, acrescentado à primeira constituição da República de Cuba, em 1901, por imposição do governo dos EUA, que mantinha a ilha sob ocupação militar desde 1898. A Emenda Platt dava a Washington o direito de voltar a intervir militarmente no país em qualquer momento, assim como o de ocupar terras "para minas de carvão ou estações navais". Somente após a aceitação desse apêndice à constituição cubana, os EUA retirariam suas tropas. A Assembleia Constituinte de Cuba não "aceitou alugar a Baía de Guantánamo aos EUA", como diz a ilustração. Foi obrigada a isso por força militar. A animação inclui um segundo disparate histórico, no mesmo tom de propaganda: "embora Fidel Castro não quisesse os norte-americanos na ilha, - Untranslated subtitle - quando chegou ao poder permitiu que ficassem por temor de invasão". Como Fidel Castro "permitiu que ficassem"? O governo cubano exigiu a devolução do território apenas dois meses depois do triunfo da revolução, em 5 de março de 1959. Desde então, recusou o recebimento de qualquer quantia a título de suposto "arrendamento". E denunciou, algumas vezes, a ilegalidade da base naval, com amparo no artigo 52 da Convenção de Viena de 1969, que declara abolido qualquer tratado obtido pela força ou por intervenção militar. O governo cubano utilizou todas as vias possíveis, legais e políticas, em sua reclamação. Alguns dias antes, a mesma plataforma Pictoline publicava outra ilustração, intitulada "Breve história do conflito entre EUA e Cuba", que destaca com precisão a origem e a causa do confronto. "Tudo começou com o triunfo da revolução cubana e a chegada ao poder de Fidel Castro", que "expropriou várias empresas norte-americanas". Graças às divertidas e inocentes ilustrações de Pictoline, milhares de pessoas já sabem que o culpado pelo conflito Cuba-EUA não foi a superpotência que mantinha seis décadas de domínio neocolonial sobre um pequeno país, pobre e atrasado. O instigador da disputa foi este último, que um dia decidiu se rebelar contra tanto roubo e exploração. E, além do mais, exigir um pedaço de seu território, roubado 60 anos antes. A propósito, se a fonte informativa para a primeira ilustração foi o diário conservador "The Washington Post", sabem qual foi a fonte da segunda? O Conselho de Relações Exteriores, um dos centros de assessoria da política externa da Casa Branca. É dessa forma que milhões de pessoas em todo o mundo, sobretudo jovens, são informadas, de forma amena, leve, graciosa e inocente, sobre a verdadeira história do conflito Cuba-EUA. Legendas originais em espanhol: Antonio García Moreno Tradução: Antonio Gabriel Haddad.
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